quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cruzeiros, cruzados.

Ia no carro distraída sem dar ouvidos ao que se dizia na rádio. Vinha a fazer o mesmo caminho que faço todos os dias, ao lado do meu pai, sempre muito perdida nos meus pensamentos.
- Amanhã já vai melhorar o tempo! Até dia 9 de Maio, há um aumento gradual da temperatura.
- A sério?? O Sol vai voltar?
- Oh Mariana deves tar a brincar comigo, então não ouviste na rádio?
- Não...
- As pessoas têm de começar a ouvir mais, ver mais e sentir mais.

O meu pai pode ter em parte razão: devia começar a ouvir mais e ver mais, mas sentir mais?
Estamos as três no mesmo barco e nenhuma comprou bilhete. Empurraram-nos cá para dentro uma de cada vez, em pouco espaço de tempo.
A primeira fui eu. A princesinha que durante tanto tempo dizia não saber o que era ter um príncipe, quando lhe deram a provar desse fruto, foi a primeira a embarcar. Tem piada como duram mais as coisas que acabam do que as que começam. Andava o coração pesado à procura de outro sítio onde pudesse chorar um bocadinho que não os ombros da irmã, da mãe, do melhor amigo, da LC e dos caracóis, e mal encontra: Zás! Caem-lhe com a varinha mágica em cima. De lágrimas no canto do olho, coração arrependido ou não, pesado ou leve, lá acabou por ir ter ao destino que não devia, e quase (espero eu estar certa e que não tenha sido mesmo) que se deixava engolir pelo estômago meio vazio que já há tanto tempo assombrava.
A segunda foi a mana. A artista que provou do fruto e saboreou por alguns tempos, veio logo a seguir. Tanto tempo que passou e nem assim se conhece verdadeiramente quem nos dá a provar nem o efeito e duração do fruto. E com a mana foi assim. Provou o fruto, saboreou, e quando lho tiraram e não deram mais a provar, ela não soube por quanto tempo iria desejar mais uma trinca. Também o coração dela andava à procura de outro sítio onde pudesse chorar um bocadinho, não apenas por quem lhe tirou o fruto, mas por quem já lho tinha dado muito, muito antes e estava indeciso em voltar a dar. Mas mal ela encontra: Zás! Caem-lhe com os floreados e o palavriado pouco objectivo em cima. De olhos secos e coração frio e silencioso, lá acabou por ir ter ao destino que não devia, e por se meter em caminhos pouco abençoados.
A terceira foi a mãe. A Super-Mulher que conhecia decor o sabor daquele fruto, que o tinha provado durante anos e anos, foi a última a embarcar. Estava finalmente a emigrar para Ruas da Paz, ruas onde o Sol não precisa de brilhar para se ser feliz, ruas onde sabia que podia encontrar outros frutos, quando lhe voltam a atormentar com o sabor daquele que ela pensava que já não queria. Também o coração dela andava à procura de outro sítio onde pudesse chorar um bocadinho, pela falta que lhe fazia e ao mesmo tempo pela força de começar um novo presente, e mal ela encontra: Zás! Caem-lhe com as Kelly Keys de 'Baba olhe o que perdeu, Baba criança cresceu' em cima. De coração já ocupado, lá acabou por ir ter ao destino que não devia, e agora dói-lhe tocarem na ferida.
Tem graça como nenhuma pediu para embarcar, nenhuma comprou bilhete, nenhuma pediu para seguir nesta viagem. Mas o Sol está a voltar, e em breve os astros vão voltar a alinhar-se e o barco irá atracar noutros portos.
Quanto ao que o meu pai me disse, a minha opinião mantém-se, não quero sentir mais do que o que sinto, já me está a doer bastante ter de o continuar a sentir sabe-se lá até quando!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fomos Três, somos Três, seremos Três.

Having it all, means not having to do it alone.

terça-feira, 28 de abril de 2009

É urgente respirar novos ares!

É urgente respirar novos ares. Estou cansada do ar nefasto que me rodeia, das almas sujas que por aí se arrastam, dos maus presságios que me perseguem. É urgente respirar novos ares. Estou cansada de te culpar pelo meu mau humor, pela minha irritação, pela minha impaciência, por toda esta espera, quando tu não tens culpa de nada. É urgente respirar novos ares. É urgente entrar num autocarro de dois andares, meter conversa com estranhos porque não somos do mesmo país. É urgente! É urgente reciclar o meu Amor, aquele que tu não quiseste - What did I do, but give love to you? -. Foi esse mesmo o problema, estava a preparar-me para te dar mais pedacinhos, não é suposto as pessoas fazerem-no quando gostam? Não quiseste, porque achaste que era demais, e não vais querer, portanto, I'm taking back my love. Dei-te demais - so did I deserve to be left here hurt?-! Porque é que damos sempre de mais? Estive durante anos a tentar dar pedacinhos do coração, recuei durante todos estes anos, sempre fui demasiado egoísta, e agora que tinha perdido a mania, que tinha finalmente aprendido a dar, mesmo depois da pisadela que levei antes da tua, virou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Estou cansada da mesquinhez das pessoas, de se acharem com o Rei na barriga ou até de porem o Rei na barriga dos outros. Almas sujas que por aí vagueiam, nunca pensei que fossem tantas. E inocentes que se deixam engolir e caem no estômago vazio destas almas? Não tenho de dar justificações a ninguém do que escrevo, não que me custe dar, mas só a quem é merecedor delas. Não tenho de prestar contas com terceiros que nada a ver com o assunto têm, que metem o nariz onde não são chamados e que só procuram pelo benefício próprio. Esses sim são egoístas, os terceiros (ou terceiras). Precisam sempre de ter alguém no estômago - e digo no estômago porque estas almas não têm direito a ter um coração-, caso contrário estariam vazios. Mesmo antes de cuspirem um, já estão a agarrar o próximo, mas também digo uma coisa, qualquer dia a digestão acaba por ser mal feita e a coisa corre para o torto.
É urgente respirar novos ares. É urgente! Estou cansada de esperar e não quero ficar à espera. Acabem lá com os Reis na barriga que o Mundo não gira à vossa volta, muito menos a escrita. Talvez me (nos) tenha(mos) exposto demasiado, talvez aí tenhamos falhado. É urgente respirar novos ares. É urgente acabar com esta brincadeira. É urgente!

Hoje o peito dói como tudo, invadiram-me a alma, levaram-me o coração. Repito: They're more than great (Joe), they're my family.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Dezembro e Abril, frio.

Consigo lembrar-me perfeitamente daquele dia. Consigo até dizer exactamente o dia do mês que foi. Estávamos a meio de Dezembro, e estava um dia tão, mas tão frio e por sorte não choveu. Havia planos que incluíam um almoço trazido de casa partilhado, beijinhos-flash à mãe, uma tarde a dar abraços grátis no aeroporto, passeios pelas ruas da paz, o Porto sempre foi tão nosso na altura do Natal!, e uma noite em que tu brilhavas mais que a Ariel e voltávamos para casa, a beber chá com pipocas e a ver Jack & Sally porque estávamos na altura do Natal, e a nossa cumplicidade de irmãs. Mas os planos foram (quase) todos alterados. Já não havia uma tarde a dar abraços grátis no aeroporto e passeios pelas ruas da paz, havia uma tarde sufocante no meio dos vampiros que não dormem e que se querem comer e não podem, uma tarde em que o meu coração ia ser torcido até (quase) ficar sem vida, e uma noite em que tu brilhavas ainda mais que a Ariel, e eu dava a conhecer ao coração.
Estávamos as duas exaustas, tu, por andares numa correria sem fim e por brilhares também sem fim, e eu por ter o coração torcido. Chegamos a casa, o plano do chá com pipocas juntamente com Jack and Sally mantinha-se, mesmo estando eu cheia de sono. E tu já sabias que eu ia adormecer, porque eu adormeço sempre que vemos um filme (eu começo a achar que é o sofá da tua casa, ou do chá que tu me fazes!), mas nem por isso desistimos. Falamos sobre ele e sobre ele, seguraste-me o coração e cuidaste dele como se do teu se trata-se.
Hoje, que é Abril e o dia está frio, e está vento que arrefece o coração e arrepia a espinha, seguro-te eu no coração, e podemos não ter chá e pipocas, nem filme para eu adormecer, mas amanhã voltamos a ter um almoço de casa para partilharmos como irmãs que somos, e passeios pelas ruas da paz mesmo que a chuva teime em caír. 
E vamos continuar com conference calls a despejar tudo o que vai no coração, porque somos assim, e assim nos entendemos (já por isso é que nos damos as três e somos família).
(esta nossa foto sempre foi um clássico, e era um dia frio, de dezembro, na última semana de aulas!)

"Andar à chuva já não tem piada sem ti!"

«Não estou triste, eu não mudo com o ambiente!»
Filipinha
Fiquei a pensar nisto o dia todo. Quem me dera a mim poder dizer que não mudo com o tempo, que fazer chuva ou sol é-me completamente indiferente. Quem me dera a mim ter vontade para ir para o meio da chuva dançar, molhar-me da cabeça aos pés, sentir a água a escorrer ao longo do corpo, deixar o prazer de andar à chuva indavir-me por todos os poros. Mas não sou Wendla ou Thea, já não conheço a piada de andar à chuva -«Ó (Wendla), porque te foste embora? Andar à chuva já não tem piada sem ti»
Porque te foste embora? Agora fazes com que eu não queira andar à chuva, com que o cabelo fique muito volumoso e que eu fique irritada, que o rímel esborrate e a cara fique manchada, que as calças se colem ao corpo e que eu deteste essa sensação. Agora já não faço danças da chuva, acabaram as festas e as celebrações. Agora eu mudo com o ambiente. Não digas que a culpa é tua e não minha (repito que isso já está um pouco dê-mo-dê), a culpa não é de ninguém a não ser do tempo. Mas eu vou aprender a andar à chuva sem ti, a deixar o cabelo molhar e ficar volumoso e que eu não me importe, e o rímel não vai esborratar porque a única chuva que vai caír vem do céu e não do meu coração, e assim a cara não fica manchada, as calças não se vão colar ao corpo porque vou estar a usar um vestido da Ilse (por agora vou-me esconder na inconsciência da Ilse, só por um bocadinho, quase que nem dás conta). E se também quiseres andar à chuva outra vez, pode ser que nos vejamos por aí, em tempestades quentes que não arrefecem corações nem arrepiam a espinha, tempestades amenas como as que nunca andamos, mas pela mesma chuva é que não.
No fim, vou dizer que andar à chuva tem piada sem ti. Vou descalçar os sapatos de princesa e vou a correr, vou abrir os braços, vou saltar, vou cantar, vou até voar, mesmo pelo meio da chuva. Mas por agora vou continuar a mudar com o tempo, só mais um bocadinho, por isso, o Sol que volte depressa!

http://despertardaprimavera.blogspot.com :D

sábado, 25 de abril de 2009

Dezembro, frio.

Consigo lembrar-me perfeitamente daquele dia. Consigo até dizer exactamente o dia do mês que foi - não te preocupes que hoje não escrevo para ti, nem para ele. Estávamos a meio de Dezembro, estava um dia tão, mas tão frio e por sorte não choveu. Saí de casa com os planos já feitos para o dia e para noite, e mal eu sabia que todos os planos iam ser alterados. Apesar do Sol que lá espreitava de vez em quando, o vento era tanto que me arrepiava até à espinha, despenteava-me de minuto a minuto, era tão frio e violento que me atacava o coração e torcia-o cada vez mais. Mas não era o vento que me torcia, eu bem gostava que tivesse sido, mas não era. Era ele - eu disse que não era para ti, nem para ele, mas não disse que não era sobre ti, ou sobre ele. - que me consomia o espírito frio, dorido e cansado. Era Dezembro, final de aulas, o espírito já só podia estar cansado, ainda para mais com todos os acidentes que ele tinha causado, o espírito só podia estar dorido. Não vou mentir e dizer que nesse dia acordei decidida a pôr um ponto final no assunto. Porque cega como eu estava, acordei, embora com menos esperança que nos outros dias é certo, desejosa que ele acordasse em sintonia comigo, que percebesse que eu estava certa, que as minhas imperfeições eram as que ele mais gostava, que era eu quem devia estar nos braços dele, que era a mim que ele devia levar a passear pela ponte, que era eu que fazia o coração dele querer dançar até caír mesmo não sendo ele um bom par nessas (an)danças. Mas como todos os outros dias, ele acordou mas não percebeu. Bem pelo contrário, nesse dia, quem acordou decidido a pôr um ponto final no assunto foi ele. Não que ele não soubesse que eu estava certa, que as minhas imperfeições eram as que ele mais gostava, que era eu quem devia estar nos seus braços, que era a mim que ele devia levar a passear pela ponte, e que era eu quem fazia o coração dele querer dançar até caír mesmo não sendo ele um bom par nessas (an)danças. Não que ele não soubesse tudo isso, porque eu sei que o coração dele sabia e sabe isso muito bem, mas ele não usa o coração, ele ama com a mente, por isso diz ele que tanto a ama, a ela. Nesse dia de Dezembro, em que o vento era frio e violento, quando eu percebi que ele tinha acordado noutra sintonia que não a minha, quis fugir dele, quis proteger o coração de mais estragos, mas sabia que não tinha força suficiente para ser eu a pôr um ponto final na situação. Quando a manhã chegou ao fim, já os planos para a noite tinham mudado, e nós estavamos a ir embora, ele decidiu, à última da hora, vir embora connosco, e mudou os nosso planos da tarde. Nunca consegui perceber, e acho que nunca vou conseguir, porque é que ele quis tanto a minha companhia, se se serviu da tarde para humilhar o coração, para o torcer até lágrimas começarem a chover, para lhe tirar (quase) toda a vida que tinha. A tarde tinha acabado, e o meu coração estava tão, mas tão despedaçado que não aguentava muito mais. Mas todos os corações têm reservas, e o meu não era excepção. Havia planos (modificados) para a noite, e o coração não se ia deixar ir abaixo.
Consigo lembrar-me perfeitamente daquela noite. Consigo até dizer exactamente o dia do mês que foi. Estávamos a meio de Dezembro, estava uma noite tão, mas tão fria e por sorte não choveu. A tarde tinha acabado e com ela levado todo o desespero que ele me tinha causado até então. Não vou mentir e dizer que nessa noite me deitei totalmente indiferente ao que a alteração de planos para a noite tinha causado. Everything happens for a reason, e para aquela alteração de planos eu já encontrei a minha razão. Mal sabia eu que ia conhecer, naquela noite, outros braços onde, dali por algum tempo, eu viria a estar, outro coração a que eu iria pertencer, que iria gostar das minhas imperfeições, que me iria levar em passeios pela ponte, e não só, outro coração que iria querer dançar até caír, talvez sendo ele um bom par nessas (an)danças. Mal sabia eu que tudo isso iria acontecer, e que outro coração ia arrastar do meu, todo o sofrimento naquela tarde causado, mesmo que por lá não ficasse muito tempo. Ironia ou não, foi nessa mesma noite, que ele (que não ama com o coração mas com a mente) decidiu pôr, não um ponto final mas sim um ponto e vírgula naquela situação - que mais tarde iria eu substituir por um ponto final bem carregado e que até hoje dura. O novo coração instalou-se no meu, e mesmo não tendo sido a estadia muito grande, foi suficiente para que quando eu saí dos seus braços, quando o meu coração deixou de lhe pertencer, quando a dança acabou e caímos os dois, ficassem marcas no coração que só o deixaram mais forte.
Mas agora, o meu coração já está a reciclar, sei lá eu por quanto tempo, mas não se arrepende de ter deixado entrar outros corações, muito menos de ter dançado até caír. O meu coração gosta muito de olhar para trás e sorrir ao ver como tudo o que acontece tem uma razão, e não guarda ressentimentos, bem pelo contrário, nutre ainda muito, muito carinho.

Hoje o coração pesava um bocadinho, mas nem por isso deixou de sorrir e até tentou dar uns passinhos de dança.

Hoje é dia de Sol.

Peguei nos problemas e nas preocupações, meti-os dentro duma caixinha e arrumei-a de baixo da cama. Fui em direcção à Rua da Paz e abandonei a Rua Cinzenta. Tão cedo não espero lá voltar. Sabe tão bem sentir o Sol a aquecer-me o rosto, partilhar sorrisos e melodias doces, deixar o coração cantar e dançar até não poder mais. Sabe tão, mas tão bem...!
Hoje sento-me numa nuvem de sonhos, arranjo os caracóis de menina, e danço destemida por entre beijinhos e abraços, ao sabor doce do vento.
Os problemas e as preocupações, essas ficam na caixinha que arrumei de baixo da cama, e tão cedo não volto a abrir. Para quê? O Coração está cheio de sonhos e assim deve continuar.

Vou masé encher a avó e o avô de miminhos que eles hoje merecem que o meu coração se abra inteiramente para eles.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Já lá vai o (teu) tempo...

Já lá vai o tempo em que todos os dias tentava tirar o un do finished business e nunca conseguia. Já lá vai o tempo em que tentava perceber as tuas oscilações e o teu conceito de gosto muito de ti sabes?. Já lá vai o tempo em que não eras o unfinished business e eramos os melhores amigos. Mas como disse: já lá vai o tempo, e asseguro-te que esse tempo já lá vai. E a partir de hoje, já lá vai o tempo em que eu me importava por cada birra que todos os dias tu fazes por alguma coisa que eu diga. A ferida já fechou, podes tocar à vontade que já não dói e neste momento, quer tu queiras quer não, tenho outras feridas a fechar. Não vou tentar voltar a perceber porque é que gostas tanto de mim como não gostas, porque é que precisas tanto de mim como não precisas. Porque eu já sei o quanto preciso de ti, e tu devias tentar fazer o mesmo, mas desta vez, por favor, sem fazer mais buracos no coração. Demora tempo a reciclar, e como já te disse, neste momento, quer tu queiras quer não, os teus buracos já fecharam e o coração está a reciclar (d)outras naturezas. E tu sabes muito bem que és um pedacinho do meu coração juntamente com os Caracóis todos, portanto não te queiras destacar, se (já) não mereces tal destaque. Aprende a ter-me como os outros me têm, e não queiras que te dê mais, porque não consigo, tu (já) não mereces. Não queiras agora fazer do meu coração gato sapato só porque já está a ser desocupado outra vez, não sejas egoísta e não queiras de lá tirar todos os mimos para virem só as tuas frustrações ocuparem o espaço que tanto me custou a recuperar. Não me queiras fazer doer o peito de culpa, porque essa meu caro, ambos sabemos que não a tenho. Dei-te o meu coração inteiro, sem medos, e tu não quiseste. Mas também só tenho de te agradecer por isso, ensinaste-me a dar apenas pedacinhos do coração, e só porque dei um pedacinho a alguém que não tu, não tens o direito de tentar arrancar-mo de novo. E já lá vai o tempo, em que eu acreditava que os melhores amigos podiam voltar a sê-lo da mesma forma depois de alguma rotura, mas não podem. E já lá vai o tempo em que eu era capáz de te dizer para resolveres o passado, para esclareceres a mente porque eu estava aqui à tua espera, mas desculpa se ainda não tinhas percebido, já há muito tempo que não estou.

Vou continuar a reciclar de outras matérias que não as tuas, já que o processo vai em bons caminhos! :)
"You made this decision, you chose our division.
And I have no regrets,
I wish you the very best,
In all that you do.
Congratulations, you finally got your degree
In your last separation from me."

Melodias do Coração desafia...


A palavra que me saiu foi bem-me-quer e a imagem é esta:
Bem-me-quer: margarida ou malmequer (planta ou flor)
(e por acaso os malmequeres são as minhas flores favoritas)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Life's a journey that starts when you're a baby.

"Um dia vou apanhar a minha onda e irei longe."
Chicco.
photo: Marianinha & Daddy @ Japaratinga - Brasil (2001)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ainda somos a regra.


"Toda a alma tem uma face negra, nem eu, nem tu fugimos à regra."

("I can be bitch enough for both of us" - Blair Waldorf)

A Wendla tem razão, um dia vamos ser a excepção. Mas por agora somos (os dois) a regra.

sábado, 18 de abril de 2009

Olha só para ela - II

Olha só para ela! Desde sempre que foi uma fã de aventuras, dizia que queria ir viver para a Lua e que levava a mãe e o pai com ela, dizia que queria ser cientista maluca, e a irmã dizia-lhe sempre: Maluca já és, só te falta ser cientista. Olha para ela, como parecia destemida, como dizia enfrentar tudo o que se atravessasse no seu caminho. Olha para ela, a beijaroqueira dos cabelos longos e encaracolados de menina, que não parava quieta, sempre a saltar e a dançar. Olha só para ela! Traz a ansiedade estampada no rosto, o medo do desconhecido. Se não era ela a menina que controlava o tempo. Olha para ela, perdeu-o! Perdeu o controle do tempo, perdeu-o e não o encontra. Agora está irrequieta, mas não como antes em que estava sempre a saltar e a dançar. Está irrequieta porque quer fazer esticar o tempo, e não pode. Todas as etapas acabam por ter um fim, e esta daqui por uns meses vai acabar. Olha como o coração dela saltou só de pensar em daqui por uns meses vai acabar. Olha só como o coração dela parou só de pensar que vai para outra etapa. Mas olha para ela. Olha só para ela! Está a crescer. Uma menina forte que já conseguiu ultrapassar tanta coisa que se atravessou no seu caminho. O coração dela só pede para que não afastem dele aqueles corações doces que o rodeiam. Olha agora para ela. Agora que já sentiu os corações doces por perto, está outra vez destemida. Volto a ver a beijaroqueira dos cabelos longos e encaracolados de menina que não tinha medo de nada. Olha só para ela, encontrou o tempo, agarrou-o e esticou-o. Olha se não voltou a ser a princesa de sempre, olhos esverdeados, figura esguia, pele clara, bochechas grandes e rosadas, sorriso doce, lábios tão bem desenhados. Olha só o jeito dela de menina, não pára quieta, sempre a saltar e a dançar, nunca foi muito traquina...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Everything happens for a reason...

Todos os dias quando me vou deitar abro a gaveta da mesinha de cabeceira, que eu não tenho, e guardo lá todos os mimos, sonhos e desejos que trago no coração. E todos os dias eu olho para os mimos que já lá estão guardados e parece que os revivo, às vezes até deixo fugir uma lágrima ou outra, mas não me importo. Fico constantemente a sorrir enquanto deixo que todos os mimos me voltem a passar pela mente e me aqueçam o coração. Depois dos mimos, vejo os sonhos e os desejos, e aí tenho tantos, mas tantos... A minha sorte é que ocupam pouco espaço e a gaveta não se enche. Um dia, quando me ia deitar e abri a gaveta da mesinha de cabeceira que eu não tenho, reparei que já estava cheia e não cabiam lá mais mimos, sonhos ou desejos. Nessa noite não guardei lá nada, carreguei com os mimos, os sonhos e os desejos no coração, na noite seguinte voltei a não guardar, e na outra também, até que o coração começou a ficar muito, muito pesado, e também muito, muito apertado e eu já não conseguia mais. Voltei a abrir a gaveta da mesinha de cabeceira que eu não tenho, revivi todos os mimos, desejos e sonhos que tínhamos juntas e deixei fugir algumas lágrimas que não sei ao certo. Eu não era capáz de os tirar dali, eu não conseguia. Já estavam lá há tantos, tantos anos. Continuei mais uma noite sem guardar os mimos, sonhos e desejos que trazia no coração. No dia seguinte, o coração estava tão cheio que já nem gravava mais mimos, sonhos ou desejos, o coração estava cheio, pesado, cansado e triste. Nessa noite, voltei a abrir a gaveta, enchi-me cheia de força e vontade e tirei de lá quase todos os nossos mimos, desejos ou sonhos juntas e guardei-os numa outra gaveta, um pouco vazia (e ainda bem) - a gaveta das recordações quebradas e que doem. Foi como se me arrancassem o próprio coração, mas eu fui forte e eu consegui. Era o melhor, era o que eu e tu queríamos. Aqueles mimos, sonhos e desejos já não nos faziam parte, já não nos uniam como antes. Uns dias depois eu percebi porque é que tive de tirar aqueles mimos, sonhos e desejos da gaveta. A gaveta estava cheia, e não guardava mais nada, e para entrarem mais mimos, sonhos e desejos, era preciso tirar os que estavam lá a mais, e ambas sabíamos que eram os teus.
Depois disso entraram muitos mais mimos, sonhos e desejos que tu não chegaste a saber, e que eu posso dizer que quase de certeza que não entravam se os teus ainda lá estivessem. Uns foram bons e ainda lá estão mas tiveram de ser alterados, e outros foram ainda melhores e eu acredito que fiquem até muito, muito, muito tempo. Às vezes temos de dar espaço para que novos mimos entrem no nosso coração.
Eu continuo a acreditar que tudo acontece por uma razão, e hoje tenho tantos mimos, sonhos e desejos que o comprovam. It was meant to be.

There's an ocean in my heart,
I will never be the same.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

"They're more than great Joe, they're my family."

Felizmente já tinha parado de chover, avistei um Jipe ao longe, dei dois passos para a frente e quando o Jipe encostou eu abri a porta.
- Estás bem molhadinha! - disse ela. Não respondi. Não estava só molhadinha, estava completamente encharcada, tinha as calças coladas às pernas, o cabelo ainda mais desgrenhado que o normal, as bochechas muito vermelhas, e os pés, nem vou falar dos pés. - Já percebi que o dia não correu bem... Que se passa?
- Estás de urgência hoje à noite? - Ignorei completamente a pergunta.
- Não! Vamos agora buscar a L. que deve estar a saír do ensaio. Ela de manhã teve uma audição. - Não insistiu nas perguntas, sabia perfeitamente que eu não estava com disposição para falar, sensível como eu sou, ainda começava a chorar, e aquele não era o momento indicado. Além disso, a L. tinha ido a uma audição, o que para mim era muito mais importante, e se não lhe tivesse corrido bem, ela precisava muito mais do nosso apoio. Eramos assim, família.
Já estavamos há dez minutos no carro e nenhuma tinha ousado dizer mais alguma palavra. Enquanto esperávamos no trânsito, ela olhou para mim e percebeu que não tinha sido só a grande molha que eu apanhei que me tinha deixado assim, chateada, irritada e mal-disposta. Vi no olhar dela a maior preocupação, mas devolvi-lhe um olhar, que ela entendeu, e bem, de quem já está a respirar e a digerir a situação (sempre tentei combater a precipitação).
- A L. está lá ao fundo, diz-lhe que ali não posso encostar, que venha aqui ter. - assim o fiz, e minutos depois a porta do carro abre-se.
- Então como correu? - perguntou a R.
- Não houve audição! Adiaram para a semana que vem. - Notei logo no tom de voz dela que estava chateada. Há meses que ela andava nervosa e preocupada com esta audição, mais uma semana assim ia ser impossível. - Vou ter de me preparar ainda melhor.
- Não te preocupes, vai correr mesmo bem! Olha, hoje não estou de urgência, portanto podemos ir jantar a qualquer lado.
- M., não falas?
- Desculpa L., o dia não correu muito bem. Prefiro ir para casa, e já falamos as três. Pode ser?
Feito! Fomos as três para casa, a L. foi a primeira a tomar banho. Eu liguei para o Take Away mesmo à frente do prédio - sim, o mesmo Take Away de sempre- enquanto a R. tratava dos cupcakes para a sobremesa. Depois de vestirmos as três o pijama, pegarmos cada uma no seu pacote de cartão com o jantar e irmos para o sofá da sala encostadas umas nas outras com a manta, a R. começou:
- Sabem uma coisa? Hoje ele apareceu lá no hospital... Eu estava nas urgências e ele a acompanhar um amigo que tinha caído e partido o braço.
- E então? Falaram?
- Mais ou menos... Ele era o acompanhante, tive de falar com ele claro.
- E o que sentiste?
- Querem a verdade? Senti muito menos do que estava à espera. Quando o vi, o meu coração tremeu, mas logo a seguir recompôs-se. Já não o consigo ver da mesma forma, já lá vão os tempos em que desejava sentir-me nos seus braços, agora já passou, agora já não quero mais.
- Que orgulho R., que orgulho! Estou mesmo feliz! - dizia a L. enquanto levava mais uma garfada à boca.
- Também eu. Se soubesses como isso são boas notícias... - comentei.
- Hoje quando me disseram que a audição ia ser adiada, só me apetecia saltar-lhes em cima. Caramba, anda uma pessoa a preparar isto há meses e avisam no dia que é adiada? Estava tão chateada. Peguei nas minhas coisas e fui direitinha para o Centro. Precisava de relaxar, de me sentir noutro lugar e acabei por assistir a um ensaio antes do meu.
- E que tal L.?
- O ensaio foi bom... mas não é bem esse o motivo pelo qual eu estou a mencionar o que se passou... - eu e a R. olhamos uma para a outra e logo a seguir para a L. Já adivinhavamos aí uma história que envolvesse as trapalhadas da L. e mais alguma coisa.. ou alguém. - Então... estava lá um rapaz no ensaio, que eu nunca tinha visto no Centro - interrompemos a história para soltar uma gargalhada.
- Já sabia!
- Mas querem ouvir ou não? Então, o rapaz novo estava a encenar a peça, e como não me conhecia, eu apresentei-me e perguntei se podia assistir. E basicamente foi isso...
- Não brinques comigo. Sabemos as três que não ficavas por aí! - Desde sempre que adorava picar a L.
- Oh pronto está bem, fomos lanchar e depois eu fui para o ensaio... e fiquei com o número dele.
- Então parece que há males que vêm por bem.
Entretanto ficamos em silêncio e ambas olharam para mim.
- Acordei tarde porque o despertador não tocou, tinha 6 mensagens de voz no telemóvel da Susana a perguntar onde eu estava, que a filmagem estava atrasada, para levar 4 cafés, dois donuts, um bolo de arroz e uma nata. Vesti-me à pressa, saí de casa a correr, esqueci-me do guarda-chuva, apanhei a primeira molha do dia, fui buscar os cafés e quando cheguei ao estúdio já estavam frios. Ouvi o maior raspanete desde que comecei o estágio, e portanto tive os piores trabalhos durante o dia. Quando saí tinha uma mensagem dele a dizer para ir ter ao Café do Sr. Soares porque era urgente. Cheguei lá, vi-o sentado numa mesa ao fundo e sentei-me também. Estive durante quarenta e cinco minutos a ouvi-lo e não pude falar uma única vez e quando me vim embora apanhei outra grande molha que me deixou completamente encharcada, e agora estou aqui. - Estava sem fôlego já.
- O que é que ele queria?
- Disse-me que eu devia escolher melhor os meus amigos.
- Como assim?
- Que não sabia como era possível vivermos as três sozinhas, que não tinhamos responsabilidade nenhuma e que vocês me tornavam numa pessoa diferente. Ouvi-o durante quarenta e cinco minutos e ele ouviu-me durante um segundo.
- O que lhe disseste?
- "They're more than great, they're my family".
Abraçamo-nos com tanta força como nunca nos tinhamos abraçado. Elas eram a minha família e eu nunca deixaria alguém dizer-me fosse o que fosse. Ficamos o resto da noite a falar, rir alto, comer cupcakes e falar, rir alto e comer cupcakes.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Já lá vão vinte e três!

Não posso dizer que me lembro deste mesmo dia há vinte e três anos, porque ainda só tenho dezassete. Não posso dizer que me lembro da primeira vez que te riste, que choraste, a primeira palavra que disseste, de quando começaste a andar... Mas para mim isso também não é importante. Já lá vão vinte e três anos menos cinco que te conheço, e posso dizer que me lembro de quando tomavamos banho juntas e o Papá mandou-nos lavar o cabelo, mas eu era pequenina e não sabia que precisava de água para o shampoo fazer espuma, então olhava para ti como se estivesses a fazer magia; posso dizer que me lembro de quase todas as tuas provas a que eu assisti, mas em particular daquela em que o Paulo pegou em ti e tu caíste, e que a primeira coisa que eu disse foi "Papá, promete que tiras a Mafalda da Patinagem, eu não quero que ela se magoe. Promete!", e também daquela em que patinaste o Romeu e Julieta e que quando acabaste fizeste um gesto de vitória porque tinhas feito um esquema limpo; posso dizer que me lembro de te chamarem no João de Deus porque eu estava a chorar e não queria comer, e quando tu chegaste eu comi logo tudo; posso dizer que me lembro de quando fazias aquela cara mesmo ridícula quando eu chorava para eu desatar a rir; posso dizer que me lembro de quando falei contigo ao telefone depois de ter sido operada e de ter começado a chorar porque tinha saudades tuas e tu estavas longe, e para eu não te ouvir a chorar passaste o telefone à Márcia; não posso dizer que me lembro de todas as nossas discussões, porque realmente já foram muitas, mas posso dizer que me lembro de todas as vezes que te preocupaste comigo e fizeste tudo por mim.

Parabéns Pinta-Azul!!
da tua Pinta-Roxa.
photo: Clara Mafalda & Clara Mariana @ Sunny Beach - Bulgaria (2006)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Sisters' Love is forever!

- Podes já tirar daí as ideias, que eu bem sei o que estás a pensar, e essa cara de amuada também. - Oh se sabias! Sempre tivemos esta química de conseguires entender o que eu sentia só pelo olhar.
- Não estou a pôr cara nenhuma. E sinceramente, nem sei para que é que vim.
- Vieste, porque vens todos os anos. Foi o combinado desde que aqui estivemos juntas pela primeira vez, e não é este ano que vamos quebrar.
- Está bem, mas este ano não estou com disposição, podiamos esperar mais uns dias, até eu me recompor....
- É exactamente o contrário, assim curas o coração mais rápido, os novos ares com, ao mesmo tempo, o sabor à tua segunda casa vão fazer-te bem! - Ela tinha razão, a minha segunda casa. Mas a minha segunda casa não era física, a minha segunda casa (e eu quase que arriscava dizer a primeira) era qualquer lugar em que estivesse com ela.
Já íamos a meio da Oxford Street, quase a chegar a Oxford Circus, embaladas pela multidão, quase nos arrastávamos. Eu, como todos os anos, de mochila às costas, cabelo despenteado - como todos os dias-, um dos muitos vestidos que eu tinha, e os óculos de sol (iguais aos dela) a tentar esconder o  ar cansativo de quem não tinha dormido nada durante a noite, ansiosa por abraçar a mana. Ela, com o seu ar de artista, calças hippies, cabelo meio apanhado, pulseiras pelo braço, e os óculos de sol (iguais aos meus) a tentar esconder o ar preocupado de quem não tinha dormido nada durante a noite, ansiosa por abraçar a mana.
- Chego a sentir-me mal com esta situação toda, sabes?
- Não sejas parva, que culpa tens tu de seres mulher e precisares de chorar enquanto comes gelado, de ver filmes e séries com resmas de pacotes de lenço ao lado, e de no intervalo das tuas oscilações de humor, mandares os teus bitaites de quem quer encorajar o coração a ser mais forte?
- Está bem, mas se não fosse por isso nada disto tinha acontecido. Oh mana, desculpa!
- Não sejas parva, desculpa de quê? Respira, esquece, let it go...
- *inspira; expira* Está!! E então hoje, o habitual?
- Sim, claro! Tradição é tradição. Vamos pousar as coisas a casa, tomas um banho quente, eu mudo de roupa e tu vestes mais um dos teus vestidos, jantar na Subway e a seguir Irish Pub! - E tinha vindo a ser assim todos os anos desde que tinhamos ido pela primeira vez a Londres juntas. Estavamos as duas com corações a renovar, o dela já estava quase reciclado, o meu ainda estava torcido, mas a recuperar, e assim descobrimos o Irish Pub, qual série de american high school. Naquela noite - da qual eu não posso falar muito por não me recordar ao certo do que se passou- prometemos uma à outra que fosse qual fosse a situação em que estavamos, aqueles três dias iam ser passados em Londres, e desde aquela noite - da qual ela também não pode falar muito por não se recordar ao certo do que se passou- que cumpriamos à risca o nosso ritual.
Já estávamos quase a chegar a casa, e enquanto eu limpava as lágrimas que teimavam em caír e ela me amparava o coração, ela olhou:
- Olha mana...
- O que é?
- Sisters' Love is forever!! Estás a ver? No matter what, Sisters' Love is forever.
- And nothing can come in between.
Abraçamo-nos com força, no meio da rua, não um daqueles abraços que dávamos ao subir a Rua de Sá da Bandeira, mas um daqueles abraços de irmãs com o peito aberto.
- Oh mana, o nosso amor é para tudo.
E ela tinha razão, o nosso amor era mesmo para tudo.

Qualquer semelhança com a realidade que o texto possa ter, são apenas coincidências!



* As frases que estão em itálico são frases que pertencem à realidade.
** Gostava também de deixar uma nota acerca de conceitos como:
  • Ironia: Expressão ou gesto que dá a entender o contrário do que significa; sarcasmo.
  • Sarcasmo: Ironia amarga.
  • Conotação: Processo que consiste na interpretação de outro sentido das palavras.
  • Denotação: Processo que consiste na interpretação do sentido literal das palavras.

domingo, 12 de abril de 2009

E tu Beijaroqueira, que dizes?

Hoje era Primavera. Cheirava às flores bonitas do jardim, ouviam-se os passarinhos do Avô que se perdiam na discussão entre a Avó e a Titi porque o Avô nunca mais chegava e já eram 13:30 e estava na hora de almoçar. Hoje havia discussões de quem era parecido com quem, que se perdiam nas gargalhadas altas tão típicas de toda a família - afinal somos todos parecidos, falamos e rimo-nos todos muito alto -. A Patrícia contava as novidades dos Açores, de como as Flores são uma ilha pequena e de como toda a gente se conhece - até descobriu que conhecia uma colega da faculdade da Mafalda, que a Mafalda não gosta muito porque andava atrás do namorado dela, mas isso já são as histórias da Mafalda -, a Mafalda citava as leis como quem cita um poema - afinal de contas ela está na faculdade para aprender alguma coisa, mas não quer ser advogada- para justificar qualquer coisa que alguém que já não me lembro perguntava, o Pinha, o Papá e a Mamã falavam sobre escola - quatro professores na família não dá descanso. Mas falta um..?- a Titi discutia com a Avó sobre o tempêro da comida, mas logo logo se juntou à discussão dos professores - sim, agora eram quatro. -, a Dona Graça estava sempre a tentar ajudar a levantar a mesa, e o Avô ouvia todas as conversas e de vez em quando lá mandava os seus palpites. Hoje havia trocas de mimos, e aí sim entro eu, que até então estava muito atenta a ouvir o que todos tinham para dizer e defender. O Avô apanhou-me muito calada e então chamou-me de "Beijaroqueira" - E tu Beijaroqueira, que dizes?- e eu não sabia o que era uma Beijaroqueira até a Mamã me dizer que é uma pessoa que dá muitos beijinhos. Mas a Avó disse que eu não sou só Beijaroqueira, porque eu além de dar muitos beijinhos, também dou muitos abraços. E então o Papá disse que eu não sou só Beijaroqueira nem uma pessoa que dá muitos abraços, eu sou uma pessoa que gosta muito, muito, de dar (e também receber) mimos, muitos, muitos mimos, mas que isso não fazia de mim uma menina mimada (apesar da Mamã dizer que sim). Depois,  o Papá e eu, enquanto esperávamos pela Titi e pelo Pinha à porta da Sapataria do Avô, estavamos no meio da rua a cantar "Alecrim, alecrim aos molhos, por causa de ti choram os meus olhos" a duas vozes, e quando chegou a Mamã começamos a cantar o "I like the flowers, I like the daffodils" em cannon, até que o Avô apareceu e ficou orgulhoso a olhar para nós. Agora, vamos para casa da Titi e do Pinha outra vez e eu e o Papá vamos tocar o Hallelujah para o Avô e ele vai-se emocionar, como se emocionou nos anos dele. E depois, a Patrícia vai continuar a contar as novidades dos Açores, e de como as Flores são uma ilha pequena e que conhece a rapariga da faculdade da Mafalda, que ela não gosta porque andou atrás do namorado dela, e a Mafalda vai continuar a citar a lei como quem cita um poema para justificar alguma coisa que alguém que eu não me lembro disse, e o Pinha, o Papá e a Mamã vão continuar a falar sobre a escola e a Titi vai continuar a discutir com a Avó sobre o têmpero da comida, até que se vai juntar à discussão dos professores, e a Dona Graça vai continuar a tentar ajudar a levantar a mesa, o Avô vai continuar a ouvir todas as conversas e a mandar os seus palpites de vez em quando. E eu, vou continuar atenta a tudo o que dizem, até o meu avô me apanhar muito calada e perguntar:
- E tu Beijaroqueira, que dizes?

sábado, 11 de abril de 2009

Não podemos deixar o coração agir sozinho.

- O que fazes aqui?
- Tinha saudades... Estás a arrumar. Vais a algum lado?
- Está na minha altura de partir.. Também tu já partiste, não faz sentido eu ficar.
Ontem fizeste com que o meu coração saltasse e quase fugisse para a tua beira (outra vez), mas fui rápida o suficiente para apanhá-lo antes que cometesse uma loucura (outra vez). Eu vou embora não por não ter saudades tuas, porque tenho, não por não querer falar contigo, porque quero, não por não gostar de ti, porque gosto. Eu vou embora (por enquanto) porque não posso deixar que o meu coração trema de cada vez que penso em ti, ainda é cedo para colocar um quadro a disfarçar o buraco na parede. E secalhar o que o meu coração gostava era de ter ficado a falar contigo por muito mais tempo, a saber as tuas novidades, a contar-te que afinal vou mesmo para Londres, que os ensaios estão a correr bem, como eu gostava que tu visses a minha cena, as pessoas dizem que está bonita e que até tenho jeito, sabes? Como o meu coração gostava que te orgulhasses de mim ao contar-te tudo isto. Podes ter a certeza que o meu coração tamém gostava de ouvir tudo o que tu tens para contar. Mas às vezes não podemos deixar o coração agir sozinho, é para isso que temos a mente, para prevenir estragos no coração. E o meu está em processo de reciclagem, e não está em condições de tomar decisões. É bom saber que também estás bem, e é bom poder acordar e sentir que eu também estou bem.
- Mas eu tenho saudades...
- Também eu, mas deixa-me só recompor o coração, só mais um bocadinho. Eu volto a dizer alguma coisa :) Um beijinho, *
- Está bem Marianinha :) Fico à espera ;) Um beijinho.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

No there's no place like London.

Dear London, Sis' and I are visiting you again this May.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

I wanna be forever young.

Forever Young, I wanna be Forever Young.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Olha só para ela...

Olha só para ela! Cabelos longos encaracolados, olhos verdes ainda com tons acastanhados, uma figura esguia, até parece alta.. Deve ter sido do leite que bebeu em pequena. Ainda te lembras? Estava sempre a chamar pela mãe a pedir leite. Olha como continua bonita, pele clara, bochechas grandes e rosadas.. Que sorriso doce. Parece a mãe em pequena, também fazia covinhas quando sorria. E os lábios dela, olha para os lábios dela quando não está a falar... Tão bem desenhados! Agora está a fazer aquele olhar igual ao do pai em miúdo, a carregar o sobrolho como quem amua. Continua eléctrica como antes, não pára quieta, sempre a saltar e a dançar... Olha só o seu jeito de menina. Nunca foi muito traquina, mas sempre foi mimada, até lhe chamavamos de Mimos lembras-te? E como ela se agarrava a ti a dar-te beijinhos, nós até tinhamos inveja que os nossos netos não nos fizessem isso. Eu sei que ela continua a mesma menina que se esconde naquele corpo de mulher. Sempre teve um coração grande e forte, nunca confiou muito nele, tinha sempre medo e nunca se achou muito forte, mas olha para ela! Olha só para ela! Se aquilo não é um coração forte, então não sei.. Tão menina e já tão cheia de força. Olha só para o coração dela, chora de alegria, pela força que lhe dão os que gostam dela, os que estão sempre por perto... Olha como ela se orgulha ao falar deles, da irmã que é uma Artista, da mãe que lhe dá mimos, dos caracóis que a estão sempre a proteger... Mesmo com o coração torcido ela é feliz. Olha só o jeito dela de menina, não pára quieta, sempre a saltar e a dançar, nunca foi muito traquina.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

"But then again that's men, if they can't stick you with a thing, they'll try another."

"- Passamos bons momentos, mas eu tenho de voltar. (...) Boa noite, Ilse.
- Boa noite? 
- Paralelipípedos, lembras-te?
- Só uma hora!
- A sério, não posso. Quem me dera poder.
- Então, pelo menos acompanha-me!
- Não posso Ilse!
- Sabes, quando tu chegares onde eu estou agora, estarei eu então no lixo!"
(Despertar da Primavera)

Obrigada por pelo menos teres ajudado a despertar a Ilse-Mulher que eu sabia existir!

sábado, 4 de abril de 2009

Recycled Love.


Dei comigo a contar quantas vezes tinha pensado em ti durante o dia, quantas vezes tinha falado de ti - "Então como é que vão as coisas?"; "Já não vão."; "Oh, que pena! Estavas tão feliz!" (hei-de habituar-me, e as pessoas também.)-, quantas vezes tentei arranjar coisas para fazer, coisas inúteis, que provavelmente não faria porque não precisavam de ser feitas, dei até comigo a derivar [matematicamente falando] só para não ter de pensar em ti.
Mas hoje à noite, quando a minha mãe me chamou para levar a tralha velha para o ecocentro, eu pensei "Porque é que não posso reciclar o amor que tinha para te dar?". Afinal de contas, é como a tralha velha: está velho, já ninguém quer, e já ninguém precisa. O problema é se um dia o quiseres de volta, talvez já tenha sido reciclado e já não seja o mesmo, por isso reza para que isso não aconteça - é que eu quando penso, não páro e deixo a vida passar-me à frente para pensar, depois tinha de correr atrás dela. Eu quando penso, corro com a vida, e até te aviso, de maneira a não te largar como tu me largaste (e eu já sei que foi a pensar em mim, afinal tu próprio disseste que a culpa não era minha, era tua, mas eu não deito as culpas para ninguém, já está um pouco dê-mo-dê, não achas?).
Bem sei que daqui por uns dias - quem sabe até amanhã - vou voltar a contar quantas vezes pensei e falei de ti, e vou tentar arranjar mais coisas inúteis para fazer [e espero bem que não seja derivar], mas pelo menos por agora vou Reciclar o meu Amor!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Coração mudo.

Tenho sonhos presos nos meus caracóis longos e soltos de menina, sinto sorrisos (espontâneos) a deambular pela minha boca, no nariz trago pousados os óculos de sol que mal se seguram, e talvez ainda um ou outro beijinho teu que não se tenha perdido ou ido embora. Ouço segredos que se fecham a sete chaves no coração, melodias doces que me iluminam a alma e ainda fortes trovões que aterrorizam os sonhos que tenho presos nos meus caracóis longos e soltos de menina. E os meus olhos, oh os meu doces olhos esverdeados, não têm muito para ler, posso até dizer que nos meus olhos não tenho sonhos, não sinto sorrisos, não trago pousados os óculos e muito menos um ou outro beijinho teu, nem ouço segredos, melodias ou trovões. Não sei que brilho viste nos meus olhos, mas eu não o vejo. Olho ao espelho e só lá está o verde - acastanhado (parecido com o teu até)- que sempre esteve, muito antes de tu teres estado. E não me digas que é por no espelho não estares tu e que por isso não há brilho nos meus olhos, porque os olhos são para cada um ver (o que quer), e não para contar o que cada um sente e deixar que alguém os leia.

No Coração trago a irmã e a mãe, que me aconchegaram o peito durante a noite, e me aqueceram com um abraço quando me fizeste acreditar que o brilho que os meus olhos nunca tiveram tinha desaparecido.


"And I told you to be patient, and I told you be fine, and I told you to be balanced, and I told you to be kind. Now all your love is wasted? Then who the hell was I?"
coração mudo (o teu).

quarta-feira, 1 de abril de 2009

"mãos frias, coração quente"

Hoje à noite elas juntam-se e vamos ver se o Sol não brilha.


(Tenho os melhores amigos que se deitam ao meu lado a olhar para o tecto à Anatomia de Grey. E o coração sente tanta coisa, que tanta coisa não consegue cantar. E do coração sempre podem chover lágrimas, mas eu tenho os melhores amigos que se deitam ao meu lado a olhar para o tecto à Anatomia de Grey, e que me abraçam e dão beijinhos para o coração descansar.)