domingo, 1 de novembro de 2009

Águas passadas não movem moinhos.

Para começar gostava de te poder dizer que ultimamente tenho pensado muito em ti e em como a minha vida teria seguido um rumo diferente se não te tivesse tirado da gaveta e guardado numa caixa debaixo da cama que só abro nestas alturas. A verdade é que agradeço por tê-lo feito, por te ter tirado a ti e ao teu egoísmo inocente, e que ainda assim magoava, da minha gaveta. Sejamos sinceras, sempre tentaste viver por mim, tomando tu as minhas decisões, afastando todos os pedaços de amor alheio que se quisessem instalar, por achares que assim me estavas a proteger. Minha querida, fica sabendo que cada um tem de dar as suas quedas e bater com a cabeça as vezes que forem precisas e que a protecção em demasia torna-se negativa. Ainda assim às vezes sinto-me tentada em tirar-te da caixa e voltar a deixar-te entrar na gaveta, mas não posso, sabes porquê? Porque desde que te mudaste que eu encontrei tantas coisas novas: amor numa forma como nunca antes eu tinha sentido, e corações com tanta vontade de receber como a que eu tenho em dar, caí várias vezes pelos amores alheios que tu tanto querias afastar, perdi-me em (an)danças do coração, encantada com histórias de voos por entre as estrelas que nunca teriam fim, príncipes e princesas vindos de lugares que só o amor sabe inventar, mas nem assim eu desisti. Isso só me fez encontrar no meu coração uma vontade enorme de partilhar e de me dar ainda mais às pessoas, e de perceber que eu estou aqui para fazer o bem e não para viver uma vida atribulada de Hollywood como a que tu tanto idealizavas. Desejo-te a maior sorte em tudo o que queiras fazer da tua vida.
Um beijo,
H. M.

Dobrou a carta em quatro e guardou-a numa caixa de baixo da cama. Mal sabiam as duas o que escondia o futuro naquela altura.