sexta-feira, 24 de julho de 2009

You think you have forever, but you don't.

Hoje parei o relógio, fechei os olhos e olhei para trás. Já estava na hora de o fazer sem pressas e desassossegos grandes, sem medos, corações apertados, receios e lágrimas que teimam em caír, mas que hoje, quando parei o relógio, fechei os olhos e olhei para trás, não caíram. Olhei e lá estavam todas as vezes que decidi que era altura de fechar a maldita porta, e todas as vezes em que essa maldita se voltou a abrir - Karma-, todos os dilemas da razão / emoção que não valeram de muito - nenhum saíu vencedor, perderam(-se) os dois-, todas as cambalhotas do coração - ora para a frente, ora para trás, sem nunca saír do sítio-, todas as viagens de montanha-russa - que só serviram para me deixar enjoada-, todas as (an)danças em que o coração dançou e todas as que o fizeram caír, toda a necessidade de respirar novos ares - que (me) devolveram muitas vezes ao ambiente nefasto-, todos os "andares à chuva" com e sem piada, todas as excepções e as regras - o lado lunar-, todos os intermediários, todas as verdades que ninguém confessava, mas que eu as sabia - sou naïve qb, e o que se pensa que me escapou, fui eu que deixei passar ao lado-, todos os corações mudos e egoístas e todos os processos de reciclagem que no fundo não reciclam nada. Estavam também, e para o meu próprio bem, todos os corações alegres e cabeças despreocupadas, todas as vezes que o coração quis dançar até caír - que coincidência, caiu mesmo!- todos os fins de tarde que me desenharam sorrisos, todas as vezes que o Sol me aqueceu o coração pela felicidade que me inundava e preenchia o peito - Oh that sweetness of yours.
Com o relógio parado, guardei tudo o que havia para guardar nas gavetas a que pertenciam, dei outra vez corda ao relógio e fechei a porta - sim, aquela maldita-. Agora nem que me volte a doer o peito, vai voltar, a porta não volta a abrir. Já está tudo arrumado, e agora o tempo cura tudo o que há para curar.

Do you know, I can't remember the last time we kissed? Cause you never think the last time is going to be the last - you always think there will be more. You think you have forever, but you don't.
Grey's Anatomy

15 comentários:

Joana M. disse...

Chega a um ponto, enquanto as portas abrem e fecham - e o Karma brinca pelo caminho-, enquanto o coração cai e deixamos coisas passar ao lado, em que não sei mais em que acreditar. Se no para sempre e no amor verdadeiro, se no trancar tudo e viver sem desassossegos grandes. Chega a um ponto em que importam é estar com os corações alegres e cabeças despreocupadas porque todo o mais é nada. Os mundos egoístas e as reciclagens fracassadas.

Não quero chegar a esse ponto, nem deixar que chegues também.
Eu sei como doi o peito, como se espera que o tempo conserte.
Ainda estou naquele ponto em que acho que sim. Que conserta.

*abraço dos grandes*
amo-te, de verdade.

Beatriz disse...

Gostei muito!
Beijinhos!:)

Tani disse...

fechei a porta e és tão irritante quando te quero sacar alguma coisa. Abanas a cabeça, dizes tudo e mais alguma coisa para fugires aos meus olhos - nos telatipizamos mas é diferente se tu falares. E tu fazes flashback. E se...e se...e Foi.


Fecha a porta, dá corda ao relogio, agarra o dia que vem :) Eu estou aqui, para a nova etapa.

Filipa Castro disse...

Já foi, já lá vai.
É uma porta fechada sem fechadura para não haver tentação de abrir.

Every little thing is gonna be alright.

Estou do teu lado menina, sempre*

qel disse...

gostava tanto mas taaaanto de conseguir registar todas as citações que a narradora diz em cada episódio da anatomia... tanto quanto gostava de escolher uma frase daí! Mas não consigo, nem uma nem outra.
Adorei cada pedacinho deste texto, Marianinha. Não mudava nem uma vírgula. Ah! E a parte em que dizes que és naive, remeteu-me para alguns episódios da minha anatomia, por assim dizer.
Havia uma certa pessoa que me chamava isso mesmo naive (e, de quando em vez, há ainda quem ma cante, a dos kooks).
Um beijinho *

Anónimo disse...

À medida que (te) lia o ritmo ia acelerando e lia cada vez mais depressa completamente embrenhada no que estava a ler. Está maravilhoso, está com conclusões daquelas que nos fazem crescer na razão e proteger o coração - que agora depois de pores o relógio de novo a andar (já que conseguiste controlar o tempo (: ) vai voltar à leveza despreocupada que tão bem nos sabe. "O querer move montanhas", e quando se quer muito as coisas acabam por dar certo mais tarde ou mais cedo. :)

Beijinho grande:)

David Pimenta disse...

Arruma as prateleiras no teu coração Marianinha. E depois deixa o tempo passar que vai ficar tudo bem (:

Silvana disse...

adoro a anatomia de grey ^^

obrigada, viajar faz sempre bem. beijocas e boas feeerias querida*

Anónimo disse...

:)Obrigada.
Sim... No fundo, principes e princesas somos nós que nos fazemos uns aos outros :)

Beijinho:)*

Andreia disse...

Há portas que precisam e têm mesmo que ser fechadas. E se há essa necessidade é porque algo tem de sarar dentro de ti. Força! *

Ana disse...

Eu revejo-me em tanto do que disseste mas sei que nunca fecho totalmente as portas. Até podem estar aparentemente trancadas mas nunca fechadas à chave. O truque está ai.. Ter a chave no bolso e, mesmo assim, não abrir a porta. E custa.. Ó se custa! Sou das memórias, como tu, e das arrumações. Mas há gavetas que muito tempo depois de estarem arrumadas, vale a pena abrir e recordar. :)

(E essa cena da Anatomia destrói-me.. Principalmente a resposta do Mc.Dreamy.. Ai ai.. xD)

meus instantes e momentos disse...

lindo blog.
Maurizio

Xaninha disse...

Levou-me às lágrimas :)
gosto de faze-lo, parar o relogio e olhar para tras *

, You never think the last time is going to be the last...

Tens uma alma bonita Mariana, a Tania tem razão :)

Anónimo disse...

The last time is the last time only IF you are strong enough to make it be.

Sometimes, deep inside, we don't want it to be the last time, we don't want to be strong, we just want to be human. And... it's natural... That's why we kiss again! Because we know we don't have forever...
We know we can only regret what we haven't done. ;)


(Quando vamos ao teatro?...)

Huge kiss, beautiful heart!

Jessica disse...

Lembro-me muito bem deste episódio. Fez-me explodir, sabes?

"todas as vezes que o coração quis dançar até caír - que coincidência, caiu mesmo!" Fizeste bem em olhar para trás, com calma e com olhos de ver. Assim, foste capaz de perceber (talvez) o porquê do coração ter caído depois de dançar. Vais continuar a viver todas as emoções, todos os raios de sol, todas as gotas de chuva como antes - e tudo vai fazer querer o coração dançar até cair, de novo - mas desta vez, ele não vai cair! Porque tu viste o que aconteceu da outra vez e sabes quais os passos de dança que tem que ser melhor ensaiados - e até as quedas, podem ser agora bem dadas (:

(ah!, e Marianinha não permitas que alguém não te dê valor só porque pensa que conhece o teu coração e que o terá para sempre, bem perto *)


[desculpa se o meu comentário não foi bem de encontro ao texto, mas foi a minha interpretação)

um beijinho (: