Quando eu for grande, vou (com a mana) para os aeroportos dar abraços às pessoas que chegam e não têm ninguém, e também às que chegam e gostam de receber abraços, tanto como eu gosto de dar. Vou deambular ao sabor do vento por esquinas de cidades onde moram sonhos que eu gostava de viver. Vou ouvir as pessoas na rua a contar histórias de amores proibidos, amores para sempre, amores à primeira vista, e tudo o que houver para contar. Quando for grande vou sonhar ainda mais com alma, vou viver ainda mais com o espírito livre. Gosto de pertencer ao Mundo e gosto que ele me pertença. Gosto de pessoas, de abraços, de amor e de paz - quem não gosta? Gosto de dar beijinhos e mimos, e fico feliz se os outros gostarem e quiserem mais. Quando for grande vou fazer um filme disso tudo, e vou ser muito, muito feliz. Avó, é isto que eu quero ser, quando for grande! Quero fazer os outros felizes!
A minha avó diz que não é por ir para a faculdade daqui por uns meses que deixo de ser o testo da panela (e eu não sabia o que era ser o testo da panela, mas a minha avó disse-me que era ser a mais pequena da família) que desde sempre a encheu de beijinhos, e que me vai continuar a perguntar o que quero ser quando eu for grande.
Por isso hoje eu acordei com uma vontade danada de mandar flores ao Delegado, de bater na porta do vizinho e desejar Bom-Dia, de beijar o Português da padaria.