domingo, 14 de junho de 2009

Coração egoísta (agora, o meu!)

A minha mãe diz que tirar sem pedir, é quase tão feio como roubar. Pois eu digo que, não contar (omitir) é quase tão feio como mentir!
Manda a boa educação respeitar os outros se também queremos ser respeitados, e não sei o que manda a boa educação fazer quando não se cumpre com a nossa parte e se espera que os outros cumpram na mesma, mas eu normalmente cumpro com a minha, e deve ser por isso que se habituam a que eu caia nas boas graças de toda a gente. Manda também a boa educação, cuidar dos corações dos outros, como gostamos que cuidem do nosso. Ora, eu não sei o que manda a boa educação fazer quando não cuidam bem do nosso coração, mas eu normalmente cuido melhor dos outros que do meu. Mas chega a um ponto que o coração de tão torcido que está não consegue fazer mais nada, e aí entra a razão. Razão essa que me consome e me torna egoísta, fazendo-me esquecer os corações dos outros para poder cuidar só do meu. É nessa altura, só nessa altura, que não cuido dos outros corações de melhor forma que do meu. O problema é que o meu coração sente muito, ao mesmo tempo - qual Álvaro de Campos e a sua vontade de sentir tudo de todas as maneiras-, e a razão (ainda) não o consegue controlar muito bem. O coração tenta combater o egoísmo a que está sujeito, e em vez de se tentar recompor, preocupa-se mais com os corações alheios. Não está certo, eu sei que não está. E como sei que não pode ser assim, vou continuar egoísta, pelo menos só mais um bocadinho, até o coração já não saltar ou tremer de cada vez que o confrontam, está bem?
Gostar só, não chega, é preciso mais. É preciso querer e ter a certeza. Ter a certeza que se quer. Gostar só, não chega. E quando já se gosta muito, e cada vez se gosta mais quando não se devia, quando já se anda tudo a arrastar por muito tempo, é preciso ser-se um bocadinho egoísta. Mesmo que isso me torça toda por dentro e que me arranhe ainda mais o coração. Percebe, tenta compreender, que eu não posso magoar mais o coração. Gostar só, não chega. Mesmo quando ainda se gosta mais do que se devia.

Oh how we both knew it wouldn't be easy,
but I never thought it would ever be, ever be this hard.

7 comentários:

Debbs. disse...

compreendo o que escreveste e sou um bocado como tu. Acho que gosto mais de cuidar dos outros corações do que propriamente o meu, pois se calhar o bem estar dos outros faz com que nos anime. Não é certo, e pelo que vejo também não o achas. Mas também não podes ter o coração a ser invadido pelo egoísmo, pois és doce e não te vejo a ser egoísta. Tenta ter o equiibrio isto é, tenta compor o teu mas continuando a ajudar o coração dos outros. A tua magia ajuda a compor o dos outros também.
Gostei deste texto Marianinha :D

beijinho (e desculpa o testamento x'D)

C disse...

"Ora, eu não sei o que manda a boa educação fazer quando não cuidam bem do nosso coração, mas eu normalmente cuido melhor dos outros que do meu."
também eu. e já passei muito à custa disso.
adorei! :D
um beijinho*

David Pimenta disse...

o tema do egoísmo já fez parte dos meus pensamentos, também.
e tal como dizes "gostar só, não chega". e acho que é o mal de muitas coisas porque gostasse apenas. compreendes?
(não sei se me fiz entender mas enfim).
um beijinho Mariana *

Filipa Castro disse...

Cuidar mais dos corações dos outros do que dos nossos... somos especialistas.

Menina, agora tens todo o direito de ser egoista. Porque também, se quiseres continuar a cuidar dos corações alheios tens de ter o teu 100% bem e sem qualquer arranhão.

Gosto muito de ti*

Debbs. disse...

não tens que agradecer, só não te quero ver assim :D
e muito obrigada :D
beijinho *

Anónimo disse...

Absolutely right, my dear!


É necessário ter um pouco de egoísmo, em matérias de coração... Caso contrário, despedaçamos o nosso e nem forças temos depois para cuidar do dos outros!

Beijo

Unknown disse...

A "boa" educação...Como eu te compreendo :)
Pergunto-me várias vezes se a dita "boa educação" não será mais um escape para os cobardes?...

És extraordinária. :D

Bjinho *
(Ah!, e desculpa a invasão mas não resisti simplesmente!)