sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

está mesmo a nevar...

Eram 6:50 e o despertador tocou como é habitual com a mesma música irritante que eu já associo tanto a Sony Ericsson cor-de-rosa, o meu espelho cor-de-rosa. Estiquei o braço esquerdo sem abrir os olhos numa tentativa de ligar a luz sem me destapar. Escondi-me de baixo da cama, senti a botija que já não estava quente como da última vez que me lembro de a sentir e disse baixinho «Está tão quentinho aqui.», num jeito destabalhoado, sem nunca me destapar, arranjei maneira de agarra as calças de ganga e a camisola de lã roxa que eu tanto gosto. Assim que estava arranjada, de pequeno-almoço tomado, calcei as luvas, dei um beijinho ao meu pai e disse «Está tanto frio! Não devia haver escola. Deviamos ficar em casa a beber um cházinho ou um chocolate quente, com pantufas e lareira.», ele respondeu-me com um sorriso de quem pensa que eu realmente não existo. Estava tanto frio que quando cheguei à estação nem saí da porta como é costume, pedi-lhes para ficarmos lá dentro porque estava mais quentinho, e não é que o comboio atrasou e aquele sítio nos valeu de mais uns minutos de "conforto"?

E de repente começaram a dizer que estava a nevar, vinha de todos os lados, de Santo Tirso, do Marquês, da Maia, de Gaia, menos dali,... e logo eu que queria tanto fazer anjinhos na neve! E ela que estava tão ou mais triste que eu por não ver ali sinal de floco branco a caír. Mas mais uma vez de repente, os flocos brancos davam sinal de existência aos nossos olhos também, e eu estava tão, mas tão feliz! Era amor em todo o lado. Eram sorrisos em todo lado. Eram abraços, saltos, beijinhos, gritos de "ESTÁ A NEVAR", fotos, gente em todo e por todo o lado. E eu estava ali, com o meu anjinho branco a correr de um lado para o outro porque estava a nevar, e com o anjinho protector que não estava fisicamente perto, mas que estava do lado esquerdo do peito, num espaço que lhe pertence, com os caracóis que secretamente estavam tão felizes como eu por aquele milagre (sim! foi um milagre. ver nevar em Paris, Andorra, é muito bonito, mas não é o mesmo que ver nevar em casa, ou em parte dela!) mas que não admitiam. E eu olhava em volta e via uma semi-multidão de pessoas contagiadas pela neve que ia derretendo e que ia acabando. E eu desejava baixinho para que não acabasse, para que nevasse mais, e desejava ainda mais baixinho mas com mais força ainda, que eu voasse pelo meio daquela queda de flocos brancos...

E na volta para casa, nevava ainda mais, e em casa mais ainda, tanto, tanto, que eu e a minha irmã atiramos bolas de neve uma à outra e fizemos um boneco de neve raquítico.
E estava frio hoje, mas nem assim eu desisti de ir para a neve. E o meu coração estava ainda mais quente (realmente, não mudamos com as estações, ou pelo menos a neve é excepção, a neve é geladamente quente), o meu coração estava cheio de amor, estava tão carregado de emoções que chorou um bocadinho. E o que ele pedia eram abraços, muitos muitos abraços. Mimos habituais e mimos que não há mas que deviam haver, mimos que eu gostava que houvessem (afinal eu sou a Mimos, eu sou a Marianinha que desde sempre gostou de mimo, e até sempre vai gostar). E eu queria tanto, mas tanto explodir de sentimentos que não sei como o fazer quando o longe existe...

vai mais uma chávena de chá quentinho, os pés à lareira, e um beijinho no coração. :)

5 comentários:

Joana M. disse...

acordei a pensar que ia precisar de comprar o dvd musical da Beyoncé e ouvir aquilo aos berros e dançar feita maluca e ligar-te pelo meio, que precisava disso, que fosse, para que valesse a pena. valesse a pena levantar, sair da cama quente, tomar banho com os minutos contados para apanhar metro e escola, que valesse a pena enfiar-me na escola. onde não estás lá tu, a abrir a sacola de doces que levei quase dois dias a conceber, a tirar fotografias de um inverno dentro das aulas de fisica. O inverno estava lá fora, no metro, na cara das pessoas. Lembro-me de me questionar porque ninguem sorria, em cumprimento, em vez de olhar o chão do metro. Vai tudo tão cabisbaixo.
Quando saí para o primeiro intervalo, com o André e a Joana David, do costume, não queriamos sair porque parecia chover. Apetecia-me mesmo um café! Fizemos esforço para sair, até percebermos que estavam todos de braços abertos. Olhavam o céu, admirados. Como sorriem! Sorri também. É diferente nevar em casa, mas é ainda mais espectacular deixar nevar lá fora e sentir arder cá dentro, onde vejo o teu sorriso, o da Tani, olha que linda que tu és, que vocês são, em mim.
Esteve frio e não pude sentir. Porque a felicidade não liga a isso. Liga às partilhas que te tenho sempre, que hei-de ter sempre.
E foi um dia memorável.
Amanhã (outro) será.

Um abraço que te sufoque nos meus caracois, felizes pelo milagre de uma amizade que persiste a invernos com a doçura de floquinhos de neve e luvas quentes.
amo-te.

qel disse...

As fotos estão divinais, simples/ lindas!
Aqui (Gondomar >.<)também nevou mas não o suficiente para que tudo ficasse branquinho e para que bonecos de neve (ou até mesmo 'anjinhos') nos viessem visitar... :S

Um beijinho (: *

C disse...

como eu adoro neve *.*
infelizmente se quiser ver neve tenho que sair do sítio onde moro porque aqui é raro, muito raro nevar.
{concordo com a Qel, as fotografias são lindas}
um beijinho*

David Pimenta disse...

achei o teu texto tão querido. e adorei as fotos.
sou de Coimbra e aqui é que não nevou mesmo nada, enfim >.<
beijinho!

David Pimenta disse...

eu percebi o quiseste dizer, don't worry ;D
posso adicionar-te aos meus favoritos?
beijinho *